sábado, 30 de outubro de 2010

Ismália

Quando Ismália enlouqueceu


Pôs-se na torre a sonhar...

Viu uma lua no céu,

Viu outra lua no mar.



No sonho em que se perdeu,

Banhou-se toda em luar...

Queria subir ao céu,

Queria descer ao mar...



E, no desvario seu;

Na torre pôs-se a cantar...

Estava perto do céu,

Estava longe do mar...



E como um anjo pendeu

As asas para voar

Queria a lua do céu,

Queria a lua do mar...



As asas que Deus lhe deu

Ruflaram de par em par...

Sua alma subiu ao céu,

Seu corpo desceu ao mar...



Alphonsus de Guimarães


bem o poema ele tem 5 estrofes com 4 versos cada,apresenta rimas e também alteração,repetição de palavras e também figuras de efeito sonoro.
bom poema ele fala sobre a loucura de ismália que foi comparada do sonho dela .
as vezer nós sonhamaos dormindo ou acordado quando imaginamos algumas coisas !!!!
.jean fábio 2°J








sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A morte, Cruz e Souza

A morte
Oh! Que doce tristeza e que ternura
No olhar ansioso, aflito dos que morrem...
De que âncoras profundas se socorrem
Os que penetram nessa noite escura!

Da vida aos frios véus da sepultura
Vagos momentos trêmulos decorrem...
E dos olhos as lágrimas escorrem
Como faróis da humana Desventura.

Descem então aos golfos congelados
Os que na terra vagam suspirando,
Como os velhos corações tantalizados.

Tudo negro e sinistro vai rolando
Báratro abaixo, aos ecos soluçados
Do vendaval da Morte ondeando, uivando.

      Neste poema, Cruz e Souza demonstra os problemas da morte - nesta altura, ele sofria de tuberculose pulmonar.Ele tem o terror da morte como desaparição e, ao mesmo tempo, a visão da morte como uma grande diluição no todo, inclusive numa visão beatífica da vida.
      Podemos observar também a musicalidade, o domínio pleno do idioma. Principalmente, pela forma direta sem nenhuma redundância, apenas com as palavras necessárias. 
      O poema A Morte faz parte de ''Últimos Sonetos'', como o próprio nome já diz é a cleção dos ultimos sonetos escritos por Cruz e Sousa. Nele, o poeta vive a redenção uma vida de auto-sofrimento, de uma vida fadada ao conflito entre a sensibilidade, a opressão e a reação de uma sociedade que não admitia o negro naquelas alturas intelectuais.

Por: Bianca Freitas

Violões que choram...

Violões que choram...


estrofes I a V .

Ah! plangentes violões dormentes, mornos,

Soluços ao luar, choros ao vento...

Tristes perfis, os mais vagos contornos,

Bocas murmurejantes de lamento.



Noites de além, remotas, que eu recordo,

Noites da solidão, noites remotas

que nos azuis da Fantasia bordo,

Vou constelando de visões ignotas.



Sutis palpitações à luz da lua,

Anseio dos momentos mais saudosos,

Quando lá choram na deserta rua

As cordas vivas dos violões chorosos.



Quando os sons dos violões vão soluçando,

Quando os sons dos violões nas cordas gemem,

E vão dilacerando e deliciando,

Rasgando as almas que nas sombras tremem.



Harmonias que pungem, que laceram,

Dedos nervosos e ágeis que percorrem

Cordas e um mundo de dolências geram

Gemidos, prantos, que no espaço morrem... .



Cruz e Sousa

CARACTERÍSTICAS:
musicalidade - aliteração (repetição de som) e assonância (repetição de vogais e consoantes).


subjetivismo - presença do eu-lírico.

religiosidade

sugestões e simbologias

visão espiritual da mulher

culto ao vago, ao etéreo



ANTONIO JÚNIOR

Por : Luã Anderson

Vaso Chinês


Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o


Casualmente, uma vez, de um perfumado


Contador sobre o mármor luzidio,


Entre um leque e o começo de um bordado.






Fino artista chinês, enamorado


Nele pusera o coração doentio


Em rubras flores de um sutil lavrado,


Na tinta ardente, de um calor sombrio.






Mas, talvez por contraste à desventura -


Quem o sabe? - de um velho mandarim


Também lá estava a singular figura:






Que arte, em pintá-la! A gente acaso vendo-a


Sentia um não sei quê com aquele chim


De olhos cortados à feição de amêndoa.


Alberto de Oliveira

Por: Estela Marques

Gargalha, ri, num riso de tormenta, 
como um palhaço, que desengonçado,
nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
de uma ironia e de uma dor violenta.
Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
agita os guizos, e convulsionado
salta, gavroche, salta clown, varado
pelo estertor dessa agonia lenta ...

Pedem-se bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
nessas macabras piruetas d'aço. . .

E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri! Coração, tristíssimo palhaço.
 
É possível observar a comparação que o autor faz entre um palhaço e o seu coração, colocando o último no lugar do primeiro. Vejamos: o palhaço, vulgarmente, é posto como um personagem bobo, tolo. Cruz e Sousa coloca seu coração como um "tolo" por aceitar o "bis" de mais uma dor amorosa. Com isso, ele expressa por meio do subjetivismo e da musicalidade a sua realidade de forma imprecisa, tendo predominância da sinestesia - quando se refere aos órgãos e aos sentidos. Um exemplo do que acaba de ser escrito está no seguinte trecho: 
"(...) Pedem-se bis e um bis não se despreza! (...) E embora caias sobre o chão, fremente, 
afogado em teu sangue estuoso e quente, ri! Coração, tristíssimo palhaço." (Cruz e Sousa)

Inania verba, de Olavo Bilac Al Raryne Góes

Ah! quem há-de exprimir, alma impotente e escrava, 
O que a boca não diz, o que a mão não escreve 
-- Ardes, sangras, pregada à tua cruz e, em breve, 
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava...

O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava: 
A forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve... 
E a Palavra pesada abafa a Idéia leve, 
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.

Quem o molde achará para a expressão de tudo 
Ai! quem há-de dizer as ânsias infinitas 
Do sonho e o céu que foge à mão que se levanta

E a ira muda e o asco mudo e o desespero mudo 
E as palavras de fé que nunca foram ditas 
E as confissões de amor que morrem na garganta



Comentário: Atribuindo o fracasso expressivo do escritor a impossibilidade das idéias serem corretamente traduzidas pelas palavras, o pensamento se deformando na forma fria.

A cavalgada

Bem pessoal, trago esse poema parnasiano  "A cavalgada" de Raimundo Correia, onde o autor procurou atingir a objetividade  completa, na qual  pretendida pelos parnasianos.


A cavalgada - Raimundo Correia



A lua banha a solitária estrada...
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.

São fidalgos que voltam da caçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada...

E o bosque estala, move-se, estremece...
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha...

E o silêncio outra vez soturno desce...
E límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha...
   
remanso: repouso, quietação;
 estrépito: ruído forte, estrondo;
 soturno: triste, sombrio;
 mácula: mancha;
 alvacenta: quase branca, esbranquiçada.

Comentário:
O poema acima se trata de um soneto (formado por dois quartetos e dois tercetos).
É retratada a passagem de uma cavalgada  por uma montanha na noite.
No inicio e no fim, o poema é envolvido por um silêncio, dando um ar de melancolia, mostrando a solitária estrada, banhada pela lua, onde o silêncio é quebrado pelo ruído da cavalgada dos fidalgos, que voltam alegres e barulhentos da caçada, agitando com suas trompas.
Depois da passagem da cavalgada, como que intacta, a noite recompõe-se. Novamente silenciosa e triste.

Espero que tenham gostado.
Abraços

Postado por: Ricardo Azevedo