sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A cavalgada

Bem pessoal, trago esse poema parnasiano  "A cavalgada" de Raimundo Correia, onde o autor procurou atingir a objetividade  completa, na qual  pretendida pelos parnasianos.


A cavalgada - Raimundo Correia



A lua banha a solitária estrada...
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.

São fidalgos que voltam da caçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada...

E o bosque estala, move-se, estremece...
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha...

E o silêncio outra vez soturno desce...
E límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha...
   
remanso: repouso, quietação;
 estrépito: ruído forte, estrondo;
 soturno: triste, sombrio;
 mácula: mancha;
 alvacenta: quase branca, esbranquiçada.

Comentário:
O poema acima se trata de um soneto (formado por dois quartetos e dois tercetos).
É retratada a passagem de uma cavalgada  por uma montanha na noite.
No inicio e no fim, o poema é envolvido por um silêncio, dando um ar de melancolia, mostrando a solitária estrada, banhada pela lua, onde o silêncio é quebrado pelo ruído da cavalgada dos fidalgos, que voltam alegres e barulhentos da caçada, agitando com suas trompas.
Depois da passagem da cavalgada, como que intacta, a noite recompõe-se. Novamente silenciosa e triste.

Espero que tenham gostado.
Abraços

Postado por: Ricardo Azevedo

2 comentários: