sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Inania verba, de Olavo Bilac Al Raryne Góes

Ah! quem há-de exprimir, alma impotente e escrava, 
O que a boca não diz, o que a mão não escreve 
-- Ardes, sangras, pregada à tua cruz e, em breve, 
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava...

O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava: 
A forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve... 
E a Palavra pesada abafa a Idéia leve, 
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.

Quem o molde achará para a expressão de tudo 
Ai! quem há-de dizer as ânsias infinitas 
Do sonho e o céu que foge à mão que se levanta

E a ira muda e o asco mudo e o desespero mudo 
E as palavras de fé que nunca foram ditas 
E as confissões de amor que morrem na garganta



Comentário: Atribuindo o fracasso expressivo do escritor a impossibilidade das idéias serem corretamente traduzidas pelas palavras, o pensamento se deformando na forma fria.

Um comentário:

  1. Al Raryne Góes
    Atribuindo o fracasso expressivo do escritor a impossibilidade das idéias serem corretamente traduzidas pelas palavras, o pensamento se deformando na forma fria.

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