sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A morte, Cruz e Souza

A morte
Oh! Que doce tristeza e que ternura
No olhar ansioso, aflito dos que morrem...
De que âncoras profundas se socorrem
Os que penetram nessa noite escura!

Da vida aos frios véus da sepultura
Vagos momentos trêmulos decorrem...
E dos olhos as lágrimas escorrem
Como faróis da humana Desventura.

Descem então aos golfos congelados
Os que na terra vagam suspirando,
Como os velhos corações tantalizados.

Tudo negro e sinistro vai rolando
Báratro abaixo, aos ecos soluçados
Do vendaval da Morte ondeando, uivando.

      Neste poema, Cruz e Souza demonstra os problemas da morte - nesta altura, ele sofria de tuberculose pulmonar.Ele tem o terror da morte como desaparição e, ao mesmo tempo, a visão da morte como uma grande diluição no todo, inclusive numa visão beatífica da vida.
      Podemos observar também a musicalidade, o domínio pleno do idioma. Principalmente, pela forma direta sem nenhuma redundância, apenas com as palavras necessárias. 
      O poema A Morte faz parte de ''Últimos Sonetos'', como o próprio nome já diz é a cleção dos ultimos sonetos escritos por Cruz e Sousa. Nele, o poeta vive a redenção uma vida de auto-sofrimento, de uma vida fadada ao conflito entre a sensibilidade, a opressão e a reação de uma sociedade que não admitia o negro naquelas alturas intelectuais.

Por: Bianca Freitas

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