quinta-feira, 28 de outubro de 2010

" VASO GREGO "

VASO GREGO  - Alberto de Oliveira

Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que o suspendia
Então, e, ora repleta ora esvasada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas, o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.

- Análise do Poema
Esse poema foi escrito por Alberto de Oliveira (1857-1937), um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e que foi aclamado, em 1924, como o Príncipe dos Poetas Brasileiros. O Parnasianismo se firmou no Brasil na década de 80 do século XIX. Nesse momento se davam as lutas sociais decisivas pela abolição da escravatura e pela república. Apesar disso, o parnasiano Alberto de Oliveira afirmou: “Eu hoje dou a tudo de ombros, pouco me importam paz ou guerra e não leio jornais”. Distante dos problemas sociais, Alberto de Oliveira descreve então seu “Vaso grego”.
O poema traz uma sugestão do mágico, do encantatório, do fantástico, quando se lê a possibilidade de Anacreonte abraça a taça – o tema mítico da própria poesia, nos primórdios da criação. Através da metonímia entre poesia e musa, percebe-se que a taça se humaniza, pois se exprime, com voz “canora e doce” quando tocada pelo Poeta.



Jefferson Monteiro .

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